Em Comemoração ao Aniversário da Associação Clínica Freudiana


Neste mês de julho, a Associação Clínica Freudiana está comemorando 37 anos desde a sua criação, como Clínica Freudiana, no ano de 1988. Naquele primeiro momento, a instituição ainda não era autônoma, mas funcionava como um dos setores do Círculo Operário Leopoldense, vindo a constituir-se como Associação, 10 anos depois, em 1998.


Nascida a partir da aspiração de estender a escuta psicanalítica para além dos consultórios privados, ao mesmo tempo que marcada pelo estudo das obras de Freud e de Lacan, a ACF tem desenvolvido um trabalho ininterrupto junto à comunidade de São Leopoldo.


Ao longo destes 37 anos, foram realizadas atividades e eventos ligados à psicanálise, tanto na área clínica, como na pesquisa em psicanálise, entre as quais podemos citar: trabalhos de estágio em psicologia junto a universidades da região; participação em projetos e publicações, também em conjunto com universidades; participação em projetos de caráter social, junto à comunidade da cidade de São Leopoldo; a realização de jornadas, cursos, seminários e grupos de estudo. Salienta-se, também, a construção do Laboratório de Psicanálise, o qual se constitui em um espaço de formação em psicanálise, através do estudo das obras de Freud e de Lacan, e que já conta com mais de 20 anos de trabalho. Seguindo o legado freudiano e lacaniano, estes projetos se inseriram na perspectiva do fomento e da transmissão da práxis psicanalítica, intimamente articulada a reflexões sobre as questões culturais e sociais emergentes da atualidade. Desta forma, no decorrer deste período, a ACF tem contribuído para a formação de profissionais que buscam na psicanálise uma referência para a sua prática, abordando ao mesmo tempo as questões contemporâneas e as transformações daí decorrentes.


De fato, as atuais transformações sociais e culturais não são sem consequências sobre as subjetividades, pois estas se constituem a partir das trocas e interações entre os seres humanos. Isto se dá desde o bebê que recebe, de outrem, os cuidados, físicos e afetivos, necessários a sua sobrevivência inicial, passando pela educação enquanto formativa e potencializadora, até o lugar que cada um poderá construir para si em sua vida adulta e mesmo frente às condições que cada sujeito encontrará em seu envelhecer. Tais interações, por mais inequívocas, imediatas ou objetivas que pareçam, se dão sempre através da linguagem, tecido com o qual são urdidas as realizações humanas. Dizer isto significa sublinhar que o universo humano é o universo das significações, e é este universo que se abre quando passamos a nos interrogar sobre aquilo que, justamente, subjaz às trocas que nos constituem como sujeitos.


Ora, a psicanálise nasceu da aposta de Freud ao se dispor a escutar os discursos coletivos e singulares próprios ao seu tempo e cultura, e, a partir daí, pôde construir todo o edifício teórico psicanalítico. Deste edifício gigantesco, podemos sublinhar um de seus pilares, firmado por Freud desde o início de sua prática clínica: o tratar a fala de um sujeito em análise como um texto sagrado. Isto significa que a psicanálise toma a fala de cada um como ponto de partida para a construção de saberes singulares, saberes que possibilitem ao sujeito ressituar-se frente a sua própria vida e frente às exigências oriundas do Outro social, exigências muitas vezes desumanizantes, excessivas e geradoras de sintomas psíquicos e sofrimento.


Assim, em uma época e cultura marcadas por um individualismo extremo, pelo consumo excessivo, pela dominação da técnica sobre o pensamento, por uma desigualdade social e uma insegurança crescentes, pode-se dizer que o mandamento ético freudiano, de tratar o texto falado em análise como sagrado, encontra toda a sua atualidade. Com efeito, trata-se da valorização do humano a partir de sua posição como ser de fala e de linguagem, daí possibilitando a produção de efeitos terapêuticos, relacionais e éticos.


Neste sentido, a Associação Clínica Freudiana mantem-se fiel ao legado de Freud e de Lacan, em sua contribuição ao movimento psicanalítico, no fortalecimento de suas interrogações frente à cultura contemporânea e no labor do exercício clínico em psicanálise, junto à comunidade de São Leopoldo e Vale do Sinos.



Carlos Alberto Rambo - Presidente da ACF
























Associação Clínica Freudiana
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